Hoje acordei com a sensação estranha de que me faltava algo,
não sei se é da falta da cara-metade, se é das saudades das amigas ou se é
apenas o meu “eu” a dar de si, o que é certo é que o dia foi passado assim, com
estranheza! E para terminar, há pouquinho, ao fazer um zapping pela tv, revi o
último episódio do “Sexo e a Cidade”, é engraçado como um simples episódio de
uma série de tv combinado com o estado de espírito adequado, nos pode levar a
questionar assuntos sérios da vida. Dei por mim a pensar na nossa chamada “rede
de apoio”, o conjunto de pessoas que sabemos que estão sempre lá,
independentemente do que façamos e das decisões que tomemos, que têm sempre uma
palavra e um ombro, mesmo quando sabem que estamos a fazer uma grande asneira
ou simplesmente quando não concordam com algo. Costumo dizer que tenho muitos
conhecidos, mas amigos…amigos daqueles verdadeiros…posso contá-los pelos dedos
de uma mão! Por isso, quando alguém que faz parte desse pequeno grupo nos falta
é como se, de alguma forma, nos amputassem um dos dedos e agora a nossa mão
está assim…deformada…falta-lhe um dos seus elementos essenciais e sabemos que
ele não está lá e é essa consciência que nos deixa desorientados, pois se
fecharmos os olhos quase que o conseguimos sentir e por vezes, quando estamos
distraídos, esquecemo-nos (por momentos) da sua falta. Mas, quando precisamos
de nos agarrar a algo e esticamos a mão, aí percebemos que em vez de cinco
dedos, temos apenas quatro…por vezes, conseguimos aprender a viver assim, com
apenas quatro dedos, adaptamo-nos, outras vezes até conseguimos fazer uma
reconstrução, algo doloroso e demorado, difícil de fazer, mas possível e no
fim, depois de muita fisioterapia, o dedo em causa consegue voltar a fazer
força e a fazer parte da mão.
No caso da Carrie, deixá-la partir e apoiar a sua decisão
foi muito difícil e doloroso, foi a amputação de um dedo, mas quando ela
regressa e se encontra com o resto do grupo naquela penúltima cena, a alegria
com que as meninas a recebem, o entusiasmo e o abraço colectivo foi como uma
reconstrução e a mão voltou a ficar completa.
Todos nós já passámos por situações destas na vida, por
vezes conseguimos a reconstrução, outras vezes a reconstrução é impossível e a
amputação é inevitável e aprendemos a viver assim, a agarrar o que a vida nos
dá com apenas quatro dedos.
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